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Casos de leishmaniose têm redução de 30,9% no Amazonas
Última atualização: 14 de Janeiro de 2020 - 18:00

Manaus – Em 2019, o Amazonas apresentou uma redução de 30,9% no registro de casos de leishmaniose. Foram 1247 pessoas infectadas. Em 2018, o estado registrou 1807. No Brasil, a doença é considerada muito rara, tendo menos de 15 mil novos casos por ano. Ainda assim, especialista alerta sobre os riscos da doença durante o inverno amazônico, período entre dezembro e maio, marcado por chuvas e dias nublados.

A leishmaniose visceral é uma zoonose de evolução crônica, transmitida pela picada do mosquito-palha. A doença tem acometimento sistêmico e afeta órgãos internos, como baço, fígado e medula óssea. Se não tratada, pode levar a óbito até 90% dos casos. No Brasil, a principal espécie responsável pela transmissão é a lutzomyia longipalpis.

Algumas pessoas não apresentam sintomas. Em outras, os sintomas podem incluir febre, perda de peso, e inchaço do baço e do fígado. Já existem medicamentos para eliminar os parasitas. Se não forem tratados, os casos graves costumam ser fatais.

Em Manaus há o tratamento todo com drogas injetáveis. São 20 dias de tratamento. Se o paciente não melhorar, há um novo ciclo de tratamento com mais 30 dias de injeções.

Inverno amazônico

O inverno amazônico ocorre no período de dezembro a maio e é caracterizado pelo alto índice de chuvas e tempo nublado. Jorge Guerra, infectologista da Fundação de Medicina Tropical (FMT), explica que neste período aumentam os números de casos por conta do aumento no volume de transmissores.

O ciclo de transmissão da doença ocorre na mata e está muito associado ao desmatamento e a qualquer atividade que inclua manejo e penetração dentro da floresta. “O homem entrando na mata, corre o risco de ser picado e contrair a doença. Acontece muito em áreas de desmatamento e invasão na periferia da cidade.”

A leishmaniose é uma doença endêmica e tem uma série de casos anuais. Atualmente, de acordo com o especialista, não tem números preocupantes além dos picos no inverno. “O risco maior é para quem pratica manejo florestal, aumenta um poucos nas áreas rurais, especialmente nos assentamentos. Aí o risco é maior”, afirma.

Cuidados

Para não contrair a doença, é preciso se prevenir. O que o infectologista recomenda é não entrar em zona de mata nos horários crepusculares, de manhã muito cedo ou no final da tarde, quando acontece o período de maior atividade dos vetores. “Na verdade, falando de mata fechada, qualquer horário pode representar risco, especialmente na periferia da mata”, acrescenta.

O pico de ocorrência da doença é, geralmente, entre outubro e novembro. Nos meses de janeiro, fevereiro e março, até maio, há uma diminuição, que é quando o clima volta a ficar mais ensolarado.

Além das chuvas, durante as férias é comum, no Amazonas, que as pessoas estejam mais presentes no interior do estado. “Nestes meses de férias há muito deslocamento para a zona rural, isso também contribui para aumentar o número de casos”, diz.

As pessoas que moram nestas zonas podem se prevenir usando repelente e utilizando roupas que cubram a maior parte do corpo, nos momentos de entrada na mata.

Vale ressaltar que a leishmaniose nada tem a ver com regiões próximas ao rio. Não confundir com malária.