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Começa a mobilização contra o vírus HIV no Carnaval 2015.
Última atualização: 9 de Fevereiro de 2015 - 09:49

Neste Carnaval, o Ministério da Saúde (MS) não apenas reforça a importância do uso do preservativo, como convoca os foliões a fazerem o exame rápido para diagnosticar o vírus o quanto antes. A fórmula ‘camisinha + teste + medicamento’ é o lema da campanha, que alerta para a importância do uso da camisinha. 

Segundo o  MS, 94% da população sexualmente ativa do País reconhece a eficiência da camisinha como prevenção de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST/Aids), mas apenas  45% admite que  recorreram ao método nos 12 meses.

Ainda de acordo com o MS, um em cada quatro contaminados não sabe que  tem o vírus e atua como transmissor do vírus HIV. O especialista em infectologia da FMT, Antônio Magela, afirma que o Amazonas acompanha esta média nacional. 
“Fazemos analogia destes dados oficiais com a ponta de um iceberg, ou seja, apenas uma pequena amostra da dimensão da situação”, disse 

O ranking geral da taxa de detecção de aids entre os Estados brasileiros, com dados de 2013,  indica que o Amazonas e Rio Grande do Sul  apresentam as maiores índices, com valores de e 37,4 e 41,3 casos para cada 100 mil habitantes. Magela observa que os novos casos estão, em grande maioria, relacionados ao chamado ‘comportamento de risco’, caracterizado pela falta de prevenção nas relações sexuais. 

O infectologista ressalta que o quadro de novos casos tem dois grupos em destaque. Os adolescentes, que estão iniciando a vida sexual mais cedo, e os idosos,  que prolongam as atividades sexuais com o uso de medicamentos. Ambas as faixas etárias não adotam o hábito de fazer sexo sempre com camisinha. “Temos mais pessoas expostas ao vírus”, diz Magela. 

O avanço no tratamento e qualidade de vida que a medicação proporciona aos portadores do HIV também estão entre os motivos que inibem o uso de preservativos, segundo Magela. “Hoje, o Brasil é referência mundial no tratamento da aids. Aqui no Amazonas, por exemplo, nós disponibilizamos todos os medicamentos na rede pública. As pessoas estão perdendo o medo”, afirmou. 

A universitária Mariana Duarte, 21, integra o grupo que não usa camisinha constantemente. Informada sobre os risco, ela afirma que opta por não usar quando está num relacionamento sério. “Eu sempre uso preservativo com pessoas que não conheço bem, mas tenho confiança quando escolho alguém para namorar”, disse.

Para o estudante João Paulo dos Santos Souza, 20, mesmo sabendo da necessidade, o jovem deixa de usar preservativos na “hora H” por motivos diversos, como a falta ou o gosto por correr riscos. “Eu sempre levo três camisinhas quando saio, mas, se acabar durante a balada eu continuo sem mesmo”. 

Já o músico Ítalo Pereira da Silva, 24, afirma que não faz sexo sem camisinha, mesmo que a parceira não concorde com a  sua decisão. Ele conta que tem um tio soropositivo, e acompanha de perto a rotina do tratamento. “Não é tão fácil quanto parece tomar remédios todos os dias. Prefiro não arriscar minha saúde por um momento”, afirmou.

Não usar camisinha durante o sexo é uma falta de responsabilidade, de amor próprio e cuidado com outro, avalia a universitária Samantha Duarte, 25. Ela conta que teve sua primeira relação sexual usando preservativo, e nunca fez sem. 
Parceiros
O Ministério da Saúde também identificou na pesquisa um aumento no número de pessoas que afirmam ter mais de cinco parceiros sexuais em um ano. Em 2013, esse percentual era de 12,1%, contra 4,1% em 2004. 

A estatística é reflexo dos novos códigos comportamentais, analisa a psicopedagoga Martha Carvalho da Mota. Pesquisadora sobre os hábitos sexuais de jovens com idade entre 15 e 24 anos, ela afirma que a maior variação no número de parceiros não está significando qualidade na vida sexual. “O mais importante não é ter uma lista longa de parceiros, e sim ter qualidade no sexo, liberdade para descobrir o próprio corpo e amor próprio suficiente para se preservar”, observa.

A pesquisadora afirma que durante o carnaval é comum os foliões se preocuparem menos com a prevenção, até mesmo em razão da alta ingestão de bebida alcoólica, e reafirma a necessidade de realizar o exame durante ou logo após o período festivo. Martha destaca que atualmente o chamado “grupo de risco” não existe mais, e o conceito foi substituído por “comportamento de risco”. 

Até os anos 90 a Aids era considerada uma doença de gays e pessoas amorais, mas hoje o vírus está presente em várias classes sociais e diferentes faixas etárias, ressalta a psicopedagoga. “O melhor é aproveitar a festa sem causar  preocupação para depois, sem o pânico de contrair uma doença tão grave”, disse.

Fonte: D24
Link: http://bit.ly/1DwzR0e