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Congresso mundial discutirá impacto de fatores sociais na saúde.
Última atualização: 9 de Fevereiro de 2015 - 09:56

Rio de Janeiro - Discutir os impactos de fatores sociais e ambientais na vida das pessoas para influenciar a percepção de que o acesso à saúde vai além da assistência médica. Este é o objetivo da delegação brasileira no 14º Congresso Mundial de Saúde Pública, entre os dias 11 e 15 deste mês, em Calcutá, na Índia. O evento tem como tema ‘Pessoas saudáveis, ambientes saudáveis’, reunirá pesquisadores e profissionais de gestão em saúde.

Um dos objetivos é influenciar as decisões das Nações Unidas (ONU), que discute a adoção das novas metas do milênio. Entre os 17 novos objetivos previstos está ‘assegurar uma vida saudável e promover bem-estar para todos’.

Na avaliação dos especialistas, a meta precisa estar ligada às demais, como acabar com a pobreza, garantir acesso à água, ao saneamento e à energia elétrica e o cuidado com o meio ambiente.

Representando a Federação Mundial de Associações em Saúde Pública, o conselheiro e ex-presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) Luiz Facchini, explicou que as condições de saúde das pessoas são determinadas por vários fatores, entre os quais, a pobreza é um dos principais. “A escassez de água, como vemos hoje no Sudeste, sendo persistente no Nordeste, a poluição atmosférica são problemas de todos, mas que afetam mais os pobres”, disse. “Essas pessoas vivem em moradias precárias, passam horas no transporte público apertado e acumulam uma série de problemas de saúde referentes a essas experiências”, completou Facchini, que é professor de medicina da Universidade Federal de Pelotas (UFP).

O secretário executivo da Universidade Aberta do SUS (UNA-SUS), Francisco Campos, que representará o Brasil no congresso, acrescenta que para garantir uma vida saudável, os países precisam de medidas nas áreas social e ambiental. “Políticas de saúde não se restringem à assistência médica. Ter uma casa adequada, acesso à seguridade social (aposentadoria, pensão, auxílio-doença, por exemplo), deixa a pessoa mais tranquila, portanto, mais saudável”, declarou.

A discussão sobre a cobertura universal de saúde, como um direito humano e obrigação do Estado, também estará na pauta do evento. Campos diz que, apesar dos problemas, o Brasil é o único país com população acima de 200 milhões de pessoas, cujo o acesso a todos os serviços é gratuito  – desde as consultas até um transplante de órgãos –  e está na Constituição. “Isso significa, em muitos países, se a pessoa sofrer um acidente, que os custos com o tratamento podem significar a bancarrota de uma família. Ou seja, a saúde, nestes lugares, não é parte do pacote básico da cidadania”, criticou o secretário.

Fonte: D24 AM
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