NOTÍCIAS

Vacina antirrábica é suspensa após morte de dezenas de animais no AM.
Última atualização: 12 de Março de 2015 - 09:47

O município de Anamã, a 161 quilômetros de Manaus, registrou a morte de dezenas de cães e gatos após aplicação de vacina antirrábica. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, aproximadamente 20 animais, que receberam doses durante a campanha, acabaram morrendo após vacinação. O procedimento foi suspenso na cidade. A Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS) informou que enviará equipe técnica para investigar as mortes.

Durante o primeiro dia de campanha antirrábica, 57 animais, sendo 39 cães e 18 gatos foram vacinados. Desse total, cerca de 20 morreram, de acordo com o levantamento feito pela Secretaria Municipal de Saúde de Anamã. Há suspeitas de que as mortes sejam decorrentes de possíveis efeitos colaterais da vacina.

O agricultor Tomé Amanso, de 35 anos, relatou que o gato e o cachorro vira-lata que ele criava, ambos de cinco de anos de idade, foram vacinados na manhã da última segunda-feira (9). "Totó" (cão) e "Bibi" (gato) morreram na terça-feira (10), poucas horas depois de receberam doses da vacina contra raiva. "O gato e o cachorro ficaram agitados depois que foram vacinados. Começaram a passar mal e babar muito. Alguns ficaram vomitando", contou.   

Segundo o agricultor, há cinco anos os animais eram vacinados contra raiva e não tinham apresentado nenhuma reação. "Deixei eles vacinarem porque todo ano o Totó e a Bibi eram vacinados sem problema. Toda a cidade está preocupada com essa situação. Até agora não esclareceram o que aconteceu. No dia que eles começaram a passar mal, chamamos a equipe da saúde de manhã e só apareceram à tarde", afirmou Tomé Amanso.

Uma dona de casa de 36 anos, que prefere não se identificar, disse ao G1 que o cão de estimação da família de raça pinscher também pode ter morrido em decorrência da vacina antirrábica.

"Uma equipe do Posto de Saúde passou na minha casa na segunda-feira, fiquei até com receio de deixarem aplicar a vacina, mas acabei autorizando. Depois disso ele ficou babando muito e se debatendo. Falei com uma veterinária que mora em Manaus e ela disse que não tinha jeito. No dia seguinte ele morreu. Teve animal que depois de dez minutos de receber a vacina morreu", comentou a dona de casa.

A morte do pequeno "Xerife", como carinhosamente o animal era chamado pela família, abalou os criadores do cachorro. "Meus filhos de 12 anos não foram para escola, choraram muito e não dormiram a noite porque ficou vendo se o cachorro reagia, mas não conseguimos reanimá-lo. Muitos gatos e cachorros morreram. Muita gente está revoltada", enfatizou a anamaense.

A secretária de saúde de Anamã, Maria Lúcia da Silva, explicou que a prefeitura resolveu antecipar a campanha de imunização por conta da cheia dos rios e a atendendo pedido da população. A titular ressaltou que as vacinas estavam dentro do prazo de validade que encerra em junho deste ano. Conforme a secretária, a equipe que aplicou a vacina seguiu todas as recomendações do Ministério da Saúde e esse é o primeiro ano que ocorrem casos de reação nos animais.

A aplicação da vacina foi interrompida ainda no primeiro dia da campanha e órgãos sanitários foram acionados. "Entrei em contato com Zoonoses e a FVS [Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas]. Solicitei um técnico e ele está vindo aqui. Recolhemos amostras de cão e de gato. Fui até as famílias e conversamos com eles. Tomamos todas as providências e esperamos descobrir o que aconteceu. Nossa luta é para dar qualidade de vida aos animais e não para matar", justificou Maria Lúcia.