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Amazonas fica de fora da seleção de ministério para incentivo ao parto normal.
Última atualização: 1 de Abril de 2015 - 10:42

Manaus - O Amazonas ficou de fora do projeto de incentivo ao parto normal do Ministério da Saúde. Na Região Norte foram selecionados apenas duas maternidades em Belém, no Pará. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o índice de cesáreas no Estado ainda é mais que o dobro do  recomendado. 

O Ministério da Saúde informou que nenhuma maternidade no Amazonas, pública ou particular, se inscreveu para participar do programa. A convocação de adesão foi gratuita,  em outubro do ano passado. O programa contemplou 42 instituições de vários Estados e vai implementar modelos de adequação de recursos humanos para a incorporação de equipe multiprofissional nestes hospitais e maternidades para a prática do parto normal.

O projeto será realizado em parceria com o  Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, e  visa a  capacitação profissional para ampliar a segurança na realização do parto normal e engajamento do corpo clínico, da equipe e das próprias gestantes, além da revisão das práticas relacionadas ao atendimento das gestantes e bebês, desde o pré-natal até o pós-parto. Ainda de acordo com o Ministério da Saúde, foram priorizados os hospitais públicos com mais de 50% de partos cesáreos sem indicação real. 

A consultora na Área Técnica Saúde da Criança e Aleitamento Materno no Estado do Amazonas, Neidiana Ribeiro de Araújo, representante da Rede Cegonha, afirmou que hoje a taxa de cesarianas nas maternidades públicas em Manaus está em 47%. Na rede particular, pode chegar a 90% dos casos. A OMS recomenda a intervenção cirúrgica para apenas 15% dos casos. 

Neidiana ressalta que  Manaus tem três maternidades inclusas entre as 41 prioritárias no País para a redução da mortalidade da mãe e da criança. Segundo a consultora, o Instituto  da Mulher e as maternidades  Ana Braga e Balbina Mestrinho,  já estão em processo de adequação para receber melhor as mulheres que desejam o parto normal. “Nós estamos avançando, buscando um espaço mais reservado dentro dessas unidades, com todos os equipamentos e medidas de apoio à parturiente”. 

O secretário-adjunto de Atenção Especializada da Capital, Wagner William Souza, disse que a rede pública do Amazonas ficou de fora do programa porque conseguiu reduzir o número de partos cirúrgicos, mas avalia que entre os hospitais privados o índice ainda é muito alto, quase de 100%. Ele avalia que a disseminação de informação entre as mães é uma das maneiras de “forçar” os hospitais a oferecerem um atendimento de qualidade no parto normal. O médico destaca que o parto normal é melhor para a mãe e para o bebê. “Acredito na mudança. Na minha geração muitas mulheres não amamentavam por medo de deformar o seio, mas depois de muitas campanhas o aleitamento é uma realidade muito mais presente”, afirmou.