Descoberto em Manaus novo tipo de vírus da diarreia
Última atualização: 11 de Junho de 2015 - 14:02
Manaus - Um novo tipo de vírus que causa diarreia e paralisia flácida temporária nos membros inferiores de crianças de 0 a 5 anos de idade foi descoberto em Manaus. O vírus também pode causar encefalite e levar à morte.
O Gemycircularvirus foi identificado em análise molecular das fezes de crianças com diarreia, atendidas em prontos-socorros da capital, pelos pesquisadores Patrícia Puccinelli Orlandi e Tung Gia Phan. Orlandi é doutora em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP) e pesquisadora do Instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia). Gia Phan é pesquisador do Laboratório de Medicina da Universidade da Califórnia, em São Francisco (EUA).
A descoberta foi publicada em um artigo, em abril deste ano, na revista ‘Virology’, disponível para acesso público. “A paralisia nos membros inferiores, ou seja, nas pernas, não é simplesmente a fraqueza que dá após longos períodos diarreicos. É uma paralisia total, com impossibilidade de andar por até duas semanas”, disse Patrícia Orlandi.
Conforme a pesquisadora, de 2007 a 2009, foram coletadas 1,5 mil amostras de fezes de crianças, de 0 a 10 anos, com diarreia atendidas no Hospital e Pronto-Socorro João Lúcio e na Policlínica da Codajás, em Manaus. “O Tung Gia Phan viu nosso estudo e entrou em contato conosco solicitando 600 amostras para analisar com relação aos novos tipos de vírus. Em cinco das 600 amostras, ele encontrou o novo vírus do gênero Gemycircularvirus”, disse Orlandi. “Parece pouco, mas significa dizer que o vírus está circulando e que temos de melhorar o diagnóstico para que haja tratamento adequado e o quadro não se agrave”, alertou.
Diante dos resultados, Patrícia Orlandi informou que pretende desenvolver um kit de diagnóstico rápido do vírus Gemycircularvirus. “Com o kit para diagnóstico, auxiliaremos na vigilância epidemiológica de um vírus que é tão agressivo e que, até então, era desconhecido”, lembrou a pesquisadora.
Patrícia Orlandi explicou que a transmissão do novo tipo de vírus é feita de forma focal/oral, ou seja, a partir do consumo de água com fezes contaminada. Atualmente, o diagnóstico só pode ser feito após a análise molecular das fezes do paciente. “Tentaremos descobrir, ainda, se o vírus está circulando na região Amazônica para diminuir a incidência de casos”, declarou.
O estudo recebeu aporte financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
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