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Pesquisa da Fiocruz Amazônia permitirá o diagnóstico imediato da dengue
Última atualização: 27 de Julho de 2015 - 14:26

Manaus - Pesquisadores do Instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia) estão desenvolvendo um estudo para beneficiar o Sistema Único de Saúde (SUS) com um método para diagnóstico imediato da dengue. O objetivo é permitir a identificação da dengue em até uma hora após a obtenção do material genético do paciente. Atualmente, a doença só pode ser confirmada de sete a 12 dias após a transmissão pelo mosquito Aedes aegypti e depois do aparecimento dos sintomas.

 De acordo com o coordenador do estudo e vice-diretor de Pesquisa da Fiocruz Amazônia, Felipe Naveca, o reconhecimento imediato da dengue fará com que o tratamento passe a ser mais adequado. “A vantagem é identificar mais rápido e, assim, saber tratar a especificidade da dengue. Tem muitas doenças que apresentam sintomas parecidos, então se identificarmos desde o início da infecção o médico terá a certeza que é dengue”, disse Naveca.   

A pesquisa iniciou em 2013 no âmbito do Programa de Pesquisa para o Sistema Único de Saúde: gestão compartilhada em Saúde (PPSUS/Rede), com aporte financeiro do Departamento de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde (Decit) e do governo do Estado via Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam). 

Os trabalhos iniciaram com a bolsista de iniciação científica Dana Cristina Monteiro e, atualmente, são realizados pelo graduando em Ciências Biológicas no Instituto Federal de Ciências e Tecnologia do Amazonas (Ifam), Arlesson Silva. Segundo Naveca, o estudo tem previsão de término em 2016 com a apresentação dos resultados ao Ministério da Saúde (MS), podendo chegar à Rede Básica de Saúde. 

Arlesson Silva explicou que o objetivo do estudo é modificar a forma de reconhecimento da dengue a partir do exame de detecção molecular. “O diagnóstico molecular, pela metodologia de Lamp (Loop-mediated Isothermal Amplification), é uma técnica que, basicamente, só necessita manter a reação em uma única temperatura de 65ºC. Essa metodologia apresenta alta sensibilidade, especificidade e resultado rápido”, disse Silva. 

Os exames de sangue mais comuns para detecção da dengue são pelo método de IgM, que detecta a doença a partir de sete dias, e o isolamento viral, que leva de 10 a 12 dias para identificar o vírus.

 

Metodologia

O graduando informou que na primeira parte do projeto foram realizados testes nos quatro sorotipos que o vírus apresenta, demonstrando a eficácia do exame molecular como uma ferramenta que pode ser utilizada para análise e diagnóstico da dengue. “A próxima fase do estudo será a aplicação do teste de colorimetria, com a qual é possível identificar a reação positiva a ‘olho nu’”, disse.

Segundo os pesquisadores, outra vantagem do diagnóstico da dengue por este tipo de exame molecular é que, por ele ser um teste acessível, poderá ser utilizado na rede básica de saúde. “Atualmente, as técnicas de detecção da dengue exigem equipamentos caros, como termocicladores, máquinas de tempo real, entre outros”, disse Silva.

Amazonas registra queda no número de casos

De acordo com dados do Ministério da Saúde (MS), até o dia 9 de maio deste ano foram registrados 845,9 mil casos, no Brasil. Em comparação com 2014, o número representa um aumento de 155,5% e uma redução de 30% comparado com 2013 no mesmo período. 

No Amazonas, a incidência de dengue diminuiu 40,662% comparado com os quatro primeiros meses de 2014, quando ocorreram 4.356 casos. Ainda de acordo com o MS, o Amazonas registrou cinco casos de dengue com quadro alarmante, mas, até abril, não tinha sido registrada nenhuma morte. Em 2014, foram três casos graves da doença, cinco com sinais alarmantes e uma morte. 

A região que mais apresentou incidência de casos foi a Sudeste, com 551.657; seguida da Nordeste, com 124.376;  Centro-Oeste, com 99.403 casos; Sul, com 47.554; e Norte, com 23.007. 

Treze Estados apresentaram redução dos casos na comparação da transmissão de março para abril, segundo a MS. As maiores reduções foram no Amapá (79,3%), que teve 682 casos, em março, e caiu para 141, em abril; São Paulo, que reduziu a transmissão em 51,3%, de 192,2 mil casos, em março, para 93,7 mil, em abril; e Maranhão (47,2%), com queda de 2,2 mil para 1,2 mil.