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Em Manaus, pacientes dormem na fila e não conseguem atendimento em UBSs
Última atualização: 2 de Setembro de 2015 - 13:20

Manaus - Conseguir atendimento médico nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) de Manaus é se submeter ao sacrifício. Para obter uma ficha à consulta só dormindo na fila, em frente à unidade de saúde. Para realizar exames é preciso, pelo menos, três meses de espera. Mesmo vencendo essas dificuldades, ainda há falta de medicamentos.

O drama é vivido pelos pacientes que buscam atendimento nas UBS Petrópolis, na zona sul de Manaus; Balbina Mestrinho, zona norte;  Dr. Gilson Moreira e Amazonas Palhano, na zona leste; UBS Doutor Milton Correa Pereira e UBS Leonor de Freitas, ambas na zona oeste da capital. O D24AM percorreu esses locais e constatou as filas na UBS Amazonas Palhano, no bairro São José, zona leste da capital. 

Em Petrópolis, moradores disseram que os pacientes começam a chegar à UBS às 3h e aguardam os portões serem abertos às 7h. A dona de casa Gleice Silva, 39, afirmou que foi dez vezes, em agosto, à UBS, para marcar exames transvaginal e ultrassom abdominal. Sem ser atendida, ela desistiu de tentar fazer os procedimentos. “Eles nem agendam mais e vão logo dizendo que não tem vaga”, disse. 

Na UBS Balbina Mestrinho, no bairro Cidade Nova 2, a demora é longa. A dona de casa Antônia Conceição Alves, 63, disse que chegou às 3h30 para conseguir atendimento com um clínico-geral. “As pessoas levam papelão para deitar e passar a noite”, relatou. 

O trabalhador Francisco Pereira da Silva, 68, disse que não conseguiu o remédio Losartan, para tratamento de hipertensão. “Só consigo tomar o remédio porque vou em farmácias populares de outros bairros”, disse Francisco. 

A manicure Elzanir Leão, 34, relatou que tentou marcar duas vezes um exame preventivo na UBS Dr. Gilson Moreira, no bairro Zumbi dos Palmares, na zona leste. “A enfermeira está de férias e não dão previsão para atendimento”, disse, lembrando que a UBS não tem ginecologista.  

De acordo com a dona de casa Rosane Guimarães Pereira, 35, a espera por um exame é de três meses na UBS Dom Milton Correa Pereira, no bairro Santo Agostinho, zona oeste. Ela disse que buscou, sem sucesso, Amoxilina, Cefalexina, Dipirona e Bronxol na UBS Leonor de Freitas, no bairro Compensa, zona oeste. 

A Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) informou, em nota, que está implantando, desde dia 6 de julho, um sistema em que, ao sair da consulta, o paciente tem o agendamento marcado e recebe mensagens, por celular, informando local, data e hora da consulta e exame. Conforme a nota, o método “está acabando gradualmente com as filas noturnas nas UBS’s”. 

Sobre a demora em realizar os exames, a Semsa informou que solicita vagas ao governo do Estado no Sistema de Regulação Nacional (Sisreg). De acordo com a Semsa, cada médico atende 16 pacientes por dia. Os dentistas, atendem 12.

 Sobre a falta de medicamentos, a Semsa informou que está estudando a viabilidade de adquiri-los, em caráter emergencial, para as farmácias da Rede Municipal de Saúde.  Conforme a Semsa, 225 médicos atuam em Manaus. Eles fazem parte dos convocados do concurso de 2012.