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Pacientes sofrem com falta de equipamentos no Hospital Pronto Socorro João Lúcio, na Zona Leste
Última atualização: 7 de Janeiro de 2016 - 13:30

Mães, pais, esposas, filhos e maridos aflitos. É nesta condição que parentes de pacientes internados no Hospital Pronto Socorro João Lúcio, na Zona Leste, se encontram desde o fim do ano passado. Isto porque, segundo eles denunciam, além da carência de profissionais, o equipamento de tomografia está quebrado. 

“Como um hospital que é referência em neurologia pode ficar sem um dos principais equipamento de exame?”, questiona a dona de casa Maria José dos Anjos, 42, mãe de Davison dos Anjos, 26, que está internado no hospital com hemorragia cerebral. O paciente sofre de má formação arteriovenosa.

“Trouxemos meu filho dia 27. Ele estava com fortes dores de cabeça. Ele foi levado para o Hospital 28 de Agosto porque não estavam fazendo a tomografia no João Lúcio. O médico disse que não tinha hemorragia. Porém, voltamos dois dias depois, ele repetiu o exame no ‘28 de Agosto’ e a hemorragia foi detectada. Desde então ele está a base de tremal (analgésico), mas não faz mais efeito nele”, conta Maria,em desespero.  

Segundo ela, Davison é levado ao Hospital João Lúcio, em situações de emergência, desde que tinha 17 anos. “Não tem remédio pra hemorragia cerebral. Na minha santa ignorância, mas com minha experiência, só tem duas coisas a fazer com um paciente com má formação de artéria e com hemorragia: deixa ele deitado e espera que o organismo absorva e, se não der certo, é preciso fazer uma drenagem”, comenta. 

Porém,de acordo com as avaliações médicas, o caso não é cirúrgico. Mas, a dona de casa denuncia que não há neurocirurgiões para realizar o procedimento. “Os próprios funcionários reclamam. A saúde pública está entregue às baratas e quem padece somos nós, pessoas pobres que precisamos desse atendimento. A gente vê gente sendo mandada para casa todos os dias por falta de leitos. É um absurdo o que está acontecendo. Alguém precisa olhar por nós”, apela.

Fila para tomografia

Sem tomógrafo, os exames precisam ser realizados no Hospital Pronto Socorro 28 de Agosto, na Zona Centro-Sul. No entanto, os pacientes sede param com outro problema: faltam ambulâncias de terapia intensiva para fazer o transporte. A dona de casa Charlene Diane Tavares, 34, contou que o marido dela, José de Ribamar, 33, está esperando para fazer o exame há cinco dias. 

“Eles dizem que as pessoas que estão para morrer são prioridades. Mas meu marido foi assaltado no dia do pagamento dele, levou pancadas na cabeça, passou por uma cirurgia, e agora não tem como fazer um exame”, conta. 

Segundo Charlene, a informação que passaram à ela no hospital é que apenas duas ambulâncias estariam disponíveis para transportar os pacientes, e que esses veículos são utilizados por todos os hospitais da cidade. 

Equipamento em manutenção

Procurada,a Secretaria de Estado de Saúde (Susam) informou que a direção do Hospital e Pronto-Socorro Dr João Lúcio nega a informação de falta de neurologista ou neurocirurgião na unidade. “O hospital está com a equipe completa, não somente com neurologistas (três por plantão), mas também com clínicos atuando 24 horas cirurgiões (geral, cabeça e pescoço e vascular)”.

Em relação ao equipamento, a pasta justificou que o tomógrafo está em manutenção pelo fabricante, “que detectou a necessidade de substituição do tubo de imagem,que já foi adquirido pelo Governo do Estado”. A previsão, de acordo com a Susam, é de que já esteja funcionando até o fim da semana. 

Denúncia

No dia 29 de dezembro, Sindicato dos Médicos do Amazonas (Simeam) entregou dossiê aos Ministérios Públicos (MP-AM e MPF) sobre o estado do sistema de saúde da cidade, apontando falhas graves na rede hospitalar estadual, como nos Prontos Socorros João Lúcio, 28 de Agosto e Platão Araújo,Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon),Hospital Francisca Mendes, Adriano Jorge e alguns Serviços de Pronto Atendimento (SPA). 

Entre os problemas citados, há falta ou escassez de medicamentos, equipamentos  e materiais diversos para os procedimentos. No dia seguinte da denúncia, médicos, enfermeiros e técnicos da rede Estadual de Saúde do Amazonas realizaram uma manifestação em frente à Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (Susam).