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Descaso da população contribui para proliferação dos focos do mosquito Aedes aegypti
Última atualização: 21 de Janeiro de 2016 - 18:07

Na rua Padre Francisco, no bairro Coroado, Zona Leste, pelo menos três pessoas estão com suspeita de dengue. Um caso já foi confirmado e os outros dois aguardam diagnóstico.

Segundo os moradores, o problema poderia ter sido evitado. Isto porque, há quase um mês, eles denunciam uma caminhão parado que, além de acumular água, também está servindo de lixeira viciada. 

O último Levantamento de Índice Rápido para Aedes aegypti (LIRAa) confirma que moradores dos bairros com maiores índices de criadouros do Aedes são os que mais sofrem contaminação com o vírus da dengue.

O Coroado, por exemplo, está incluso na lista dos bairros de alto risco. No ranking de casos de dengue notificados em 2015, o bairro ocupa a terceira posição, com 151 casos, sendo que, deste total, 64 foram confirmados. 

“Este caminhão está parado desde o mês passado. Além dos entulhos que alguns moradores estão aproveitando para jogar, como sofá velho, caixa de isopor e até aparelhos de televisão, quando chove a água se acumula e é possível ver as larvas dos mosquitos”, relata o administrador Gilberto Ribeiro, 53, cuja esposa foi diagnosticada com dengue e a filha está com suspeita da doença. Somente nesta terça-feira (19), após a denúncia à reportagem, fiscais foram à rua Padre Francisco, no Coroado, e autuaram o responsável pelo caminhão.

Alerta geral

O diretor-presidente da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS), Bernardino Albuquerque, explica que todos os bairros da capital têm a presença do Aedes aegypti, mas os moradores das áreas com maior densidade vetorial são os mais vulneráveis às doenças transmitidas pelo mosquito. Porém, ele alerta para o perigo.  

“Apesar do raio de voo do Aedes ser em torno de 300 metros,  isso não impede o mosquito de pousar e voar de novo, a cada 300 metros. A gente sempre alerta também para essa questão das construções verticais. Não é porque eu moro no 8º andar que o mosquito não vai me alcançar. É preciso que todos fiquem em alerta contra o mosquito”, ressalta.

Segundo informações da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa),  Manaus permanece em médio risco para doenças transmitidas pelo mosquito. Indicadores apontam que o município possui 22 bairros em alto risco, 29 em médio risco e 12 em baixo risco, sendo eles a Ponta Negra, Lago Azul, São Jorge, Glória e Presidente Vargas, na Zona Oeste, e Distrito Industrial 1e 2, Puraquequara, Colônia Antônio Aleixo, Mauazinho, Santa Luzia e Vila Buriti, no extremo Leste.   

Depósitos de água e lixo são maioria

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), os locais que mais contribuem para a proliferação do mosquito em Manaus são os depósitos de água para consumo em nível de solo, como tambores, tonéis ou camburões, barril, seguido de lixo acumulado nos quintais. 

Ainda segundo a pasta, em 90 dias de desenvolvimento das ações de combate aos criadouros do mosquito Aedes aegypti, a Vigilância Sanitária (Visa) Manaus inspecionou 89 locais e autuou 70 estabelecimentos comerciais, entre borracharias, sucatas e ferro velho, localizadas nas quatro principais zonas da cidade.

“As multas ocorreram após a constatação feita pelos agentes de endemias que, depois de vistoriar os possíveis focos do mosquito denunciados pela população, e dado o prazo limite de 15 dias, voltaram aos locais e constataram a permanência dos criadouros e larvas do Aedes aegypt”, disse o diretor da Visa Manaus, Marco Fabris, que informou também que a menor multa aplicada foi de R$ 837,00 e, a maior, no valor de R$ 8.461,00.