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Em quatro meses, casos de microcefalia no AM ultrapassam os registrados em dois anos
Última atualização: 8 de Março de 2016 - 13:00

Manaus - O número de casos de crianças com microcefalia registrados pelo Ministério da Saúde (MS), no Amazonas, nos últimos quatro meses,  é 133% superior ao registrado em 2014, quando não havia a associação do vírus zika à má-formação.

De outubro de 2015 até  fevereiro deste ano, os sete casos de microcefalia notificados representam mais do que o total registrado nos dois anos anteriores, quando, segundo dados do MS, seis casos  foram noticiados em todo o Amazonas. Mesmo com o aumento, a Fundação de Vigilância em Saúde descarta um surto da enfermidade, na capital, e afirma que havia subnotificação dos casos.  

Somente em fevereiro deste ano, quatro crianças nasceram com a má-formação congênita, segundo dados da Fundação. Para o diretor-presidente da FVS, Bernardino Albuquerque, a alta no número de crianças com o perímetro encefálico inferior a 32 centímetros não representa um surto da doença e, sim, que havia “uma subnotificação dos casos”. 

 Por recomendação do Ministério da Saúde, todos os casos de microcefalia passaram a ser investigados, uma vez que, em 80% dos casos, o vírus  zika não apresenta sintomas nos pacientes. “Nós não descartamos a ligação desses sete casos com o zika. Antes, não sabíamos como a doença se comportava, por isso não estavam sendo investigados. A verdade é que esse aumento ocorreu porque os casos eram subnotificados, as crianças saíam da maternidade sem o diagnóstico de microcefalia. Hoje, isso não acontece porque estamos acompanhando nas maternidades”, justificou Bernardino.

Realizar exames periódicos nas gestantes durante o pré-natal, para a identificação prévia da presença do vírus, segundo Albuquerque, é uma alternativa inviável. Ele afirma que não existe um teste rápido para a doença. “É impossível porque é um exame que é trabalhoso, caro. Se eu for fazer isso, pelo tipo de exame que nós temos, que demora cerca de uma semana para ficar pronto, seria  inviável até mesmo operacionalmente”, disse Albuquerque.

O diretor-presidente da FVS também afirma que o exame disponíivel na rede púbica de saúde  só funciona nos primeiros cinco dias da infecção, enquanto os sintomas estão ocorrendo, o que reduziria sua utilidade para a maior parte das pacientes.

No entanto,  as sorologias Imunoglobulina G (IgG) e Imunoglobulina M (IgM), que não estão disponíveis na rede pública, conseguem identificar a infecção pelo vírus zika meses após o aparecimento dos sintomas ou mesmo em pacientes que não apresentaram sinais da infecção. Na rede particular de saúde da capital, o teste custa entre R$ 260 e R$ 550.

Atendimento reforçado nas maternidades

As maternidades da rede estadual de saúde passarão a contar, a partir de agora, além da equipe técnica, com um profissional de referência para o acompanhamento das gestantes que apresentem sintomas de doenças exantemáticas (manchas na pele) durante a gravidez e dos recém-nascidos com suspeita de microcefalia (estando a doença associada ou não à infecção da mãe pelo zika vírus). De acordo com a assessoria de comuncação da Secretaria de Estado de Saúde (Susam), a cada 15 dias, esses profissionais – designados pelos diretores das unidades – irão se reunir com equipe técnica da pasta para discutir e avaliar os aspectos relacionados ao fluxo de atendimento.

De acordo com a Susam, será executado um cronograma de atualização para os profissionais que atuam nas maternidades, com relação à coleta de material para realização dos exames previstos nos protocolos do Ministério da Saúde. Para atender a demanda de exames relacionados às grávidas com histórico de zika vírus e bebês com suspeita de microcefalia, o  Laboratório Central do Amazonas (Lacen) está trabalhando com um plantão de 24 horas, de segunda-feira a domingo.