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Serviço de saúde pública ainda não dispõe de testes confiáveis contra o Zika vírus
Última atualização: 10 de Março de 2016 - 14:30

Apesar de ser conhecido há décadas, o vírus da Zika foi pouco estudado e suas causas e implicações estão emergindo aos poucos. Além disso, o serviço de saúde pública ainda não dispõe de testes confiáveis e de uma vacina contra a doença.

Para conter o avanço da moléstia, especialistas no assunto tentam encontrar outras alternativas. A bióloga Yamile Benaion Alencar, proprietária da empresa Ecobios Ltda, teve projeto aprovado junto à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), visando à produção de fungos filamentosos para o controle do Aedes aegypiti. O projeto consiste em um bioinseticida que apresenta ação contra ovos e larvas do “mosquito A”, realizado em ensaios preliminares durante 24 meses no laboratório de Malaria e Dengue do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e Universidade Federal do Amazonas (Ufam).

O produto poderá ser usado facilmente por meio da aplicação manual do pó seco colocado diretamente sobre a água em locais onde haja a proliferação do inseto ou na forma líquida (extrato). A forma como vai ser comercializado dependerá de como será produzido pelas empresas interessadas na fabricação do produto.

“Esperamos que possa ser facilmente distribuído nas farmácias, supermercados, e aplicados pelos agentes de endemias do Estado de forma ambientalmente correta. Essa negociação está sendo realizada no momento para que possamos iniciar rapidamente, e de forma segura, tal como para outros produtos de natureza biológica existentes no mercado”, explica a bióloga.

Em outra frente, na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), os cientistas utilizam de um artifício através da facilidade do mosquito Aedes, em encontrar criadouros. Os pesquisadores instalaram telas em uma janela, que atraem o mosquito e quando pousam nelas, ficam impregnadas com um veneno especial. Logo depois, o mosquito voa até os criadouros, contaminam os focos e destroem as larvas.

“Fizemos este estudo nas imediações do bairro Tancredo Neves, na Zona Leste e em algumas localidade do município de Manacapuru. Os testes mostraram grande eficiência em controlar o número de larvas do Aedes aegypti”, comentou Felipe Naveca, vice-diretor de pesquisa da Fiocruz.

A técnica foi apresentada no Ministério da Saúde (MS), que avalia a possibilidade de utilizá-la no controle da epidemia.

Exames A infectologista e diretora-presidente da Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD), Graça Alecrim, esclarece que não existe exame rápido para o vírus da Zika e nem para a chikungunya. Por sua vez, o teste de dignóstico a dengue, a FMT atua com hemograma que pode constatar a situação de gravidade ou não do paciente.

“Com a dengue se faz o exame num contingente maior por conta da sorologia. Enquanto que, para a Zika e chikungunya, não temos a sorologia e exame rápido, somente a biologia molecular, um exame mais demorado e exclusivamente para gestante”, comentou Graça, explicando que o exame de biologia molecular é uma politica do Estado, em realizá-lo somente em gestantes ou a pacientes que tenha gravidade neurológica.

Márcia Castilho, responsável pelo laboratório de virologia da FMT, enfatiza que por ser biologia molecular, ele não é um exame comercial, que o indivíduo adquire no comércio, mas “um conjunto de reagentes que são encomendados para realizar um diagnóstico específico para a doença”.

Investimento para conter vírus da Zika

O Ministério da Saúde anunciou um acordo internacional para desenvolvimento de vacina contra o vírus da Zika. A pesquisa será realizada conjuntamente pelo governo brasileiro e a Universidade do Texas Medical Branch, dos Estados Unidos. Para isso, serão disponibilizados pelo governo brasileiro US$ 1,9 milhão nos próximos 5 anos. De acordo com o cronograma de trabalho, a previsão é de desenvolvimento do produto em dois anos. A parceria no Brasil para desenvolvimento da vacina será com o Instituto Evandro Chagas (IEC).