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Chuva impede verificação de 40% das denúncias de foco de Aedes, diz Semsa
Última atualização: 10 de Março de 2016 - 14:38

Manaus - De cada dez denúncias de possíveis focos do mosquito Aedes aegypti que são feitas ao Disque-Saúde da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), quatro não são verificadas. De acordo com a coordenadora do  Centro  Integrado de Operações Conjuntas em Saúde (Ciocs), Angélica Tavares, a secretaria não consegue atender a demanda devido às fortes chuvas do período, que comprometem a vistoria nos locais denunciados. Informe da pasta também mostra que somente 20% dos imóveis vistoriados pela Vigilância Sanitária (Visa Manaus) recebem autuação do órgão.

Segundo os dados do último informe epidemiológico da doença, em média, 35 ligações são registradas, por dia, ao Disque-Saúde da Semsa, que contabiliza 3.260 denúncias de focos do  Aedes aegypti, desde dezembro, quando foi decretado o estado de emergência em Manaus, em razão do zika vírus. O mosquito é o mesmo que transmite também a dengue e a febre chikungunya. Até ontem,  2.018 denúncias haviam sido verificadas, 61,9% do total.

Além da frequência de chuvas, Tavares destaca que o tempo de vistoria é de, em média, uma hora, enquanto cada denúncia telefônica demora cerca de 15 minutos para ser protocolada, o que sobrecarrega as equipes. Atualmente, o órgão conta com cerca de 2 mil agentes de endemias e saúde. O Ciocs atende pelo 0800-280-8-280 as denúncias de possíveis focos. “Realmente, não existe essa possibilidade de visitar quase 700 mil casas em Manaus, a cada sete dias, nem a intenção da secretaria de fazer isso. A questão da execução é que deve ser de 50 casas por dia, mas temos alguns contratempos, a chuva atrapalha muito”, justificou, acrescentando que o período de chuvas é quando há maior proliferação do mosquito.

As principais reclamações que chegam ao Disque Saúde, segundo a coordenadora, estão relacionadas aos terrenos baldios, seguidos por piscinas sem manutenção e limpeza e recipientes de armazenamento de água. As multas, que chegam a R$ 30 mil, só são aplicadas, segundo ela, quando ocorre a constatação, pelos agentes de endemias, da denúncia da população por meio do Disque-Saúde. Ela explica que, depois de um prazo de 15 dias após a orientação, os agentes voltam aos locais e, se constatada a permanência dos criadouros e larvas do Aedes, revelando que nenhuma providência foi adotada pelos proprietários, as pessoas inicialmente notificadas acabam sendo multadas.

Até a última sexta-feira, 14 proprietários de imóveis tiveram reincidência e receberam multa dobrada, conforme o órgão.

A Visa Manaus, segundo a coordenadora, realiza as vistorias em estabelecimentos comerciais e o tempo de inspeção de locais como indústrias e canteiros de obras é, conforme Tavares, dez vezes maior do que o período de vistoria em residências.

Para ajudar no combate ao mosquito, a coordenadora afirma que estão sendo formadas brigadas em empresas e órgãos públicos. Conforme a Semsa,  994 brigadas de combate ao inseto foram implantadas na capital, com  3.407 pessoas capacitadas – a maioria em  canteiros de obras e  indústrias.

 

Casos

Dos 85 casos confirmados de zika vírus, em Manaus, 44 são em gestantes, de acordo com o mais recente Informe Epidemiológico do Centro Integrado de Operações Conjuntas em Saúde (Ciocs), divulgado, ontem, pela Semsa.

A secretaria também informou que foi descartado um dos sete casos suspeitos de microcefalia, na capital. Segundo a Semsa, testes neurológicos apresentaram bons resultados, a menina, que nasceu no dia 7 de janeiro, está com perímetro cefálico de 37 centímetros e exames descartaram zika também na mãe durante a gestação.  

Outros seis casos suspeitos de microcefalia e sua possível relação com o vírus estão sendo investigados. “Todo o cuidado está sendo tomado no acompanhamento destas crianças, e estamos no aguardo do resultado dos exames com otimismo”, disse o secretário municipal de Saúde, Homero de Miranda Leão Neto.