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População que vive na Zona Rural de Manaus se protege contra o Aedes aegypti
Última atualização: 11 de Março de 2016 - 13:34

Mesmo não tendo registro de casos de Zika vírus em áreas rurais de Manaus, as pessoas que vivem nessas regiões se protegem de todas as formas da doença, que é transmitida pelo Aedes aegypti. Além de fazer as ações rotineiras de combate ao mosquito, que também transmite à dengue e a febre Chikungunya, elas ainda utilizam armadilhas que ajudam a monitorar a população de Aedes e, consequentemente, a evitar a proliferação de novos mosquitos.

Na comunidade Nossa Senhora de Fátima, no rio Tarumã Mirim, Zona Rural da capital, as ovitrampas, armadilhas específicas para monitorar  a população de Aedes aegypti, são utilizadas em pontos estratégicos, como posto de saúde, mercadinhos e escola, ou seja, espaços onde há maior concentração de pessoas. O método possibilita observar de maneira mais rápida e eficiente a quantidade de mosquitos naquela região e acelerar as ações de combate, sem que o inseto se desenvolva. 

O chefe de Setor e Controle de Endemias do Distrito de Saúde Rural, Edson Borges Paz, conta que vem utilizando as armadilhas desde 2014. Ele coloca um vaso de planta preto preenche com água, que fica parada, e ração de gato amassada, cujo cheiro atrai mosquitos fêmea que buscam locais para por ovos. “De cinco em cinco dias nós retiramos a palheta de madeira onde os ovos ficam presos e enviamos para a entomologia analisar para saber a que tipo de mosquitos pertence os ovos”, explicou. 

Além deste, mecanismos de proteção também fazem parte do dia a dia dos comunitários. Um deles é o uso de mosquiteiro impregnado com inseticida para prevenir a malária e as doenças causadas pelo Aedes. “Eu fico tão preocupada com essas doenças que só durmo com mosquiteiro e quando o fumacê passa mando entrar dentro de casa e borrifar em todos os cantos”, relatou a dona de casa Maria de Nazaré, 65.

A aposentada Lucimar Leite Lemos, 74, também utiliza a mesma tática, porque, de acordo com ela, há muitas carapanãs naquela região. “De noite quase ninguém consegue dormir se não for debaixo de um mosquiteiro”, contou. Já a professora Zuzi Marina, 55, não abre mão dos inseticidas. “Todo dia, após o trabalho, quando chego em casa saio burrifando detefon em todos os cantos da casa. É na sala, na cozinha, no quarto, não deixo de aplicar num lugar sequer”, afirmou. 

O secretário municipal de Saúde, Homero de Miranda Leão, disse que as ações de combate ao Aedes aegypti utilizadas na Zona Rural não diferem muito das que são realizadas na capital. “Muito da nossa área rural está na área urbana. A gente encontra com muita facilidade nas Zonas de Manaus bairros com muita semelhança do que vimos em Nossa Senhora de Fátima, então, lá ou aqui, se faz coisas parecidas”, comentou.

O que há de diferente, conforme Homero é a questão do mosquiteiro impregnado com inseticida, que tem durabilidade de dois anos, para proteger da malária e também serve para proteger contra o Aedes. Há ainda a intensificação das ações de controle de endemias com o apoio do Distrito de Saúde Rural. “São feitas ações mais de campo. A borrifação é contínua, ocorre de forma mais freqüente. Mas há similaridade muito importante entre os dois trabalhos (o da capital e o do interior)”, enfatizou. 

Homero de Miranda Leão

"Agora todo esforço dos agentes de endemias é incomparável com a conscientização das pessoas. Eles não conseguirão proteger lugar nenhum do Aedes se não houver a participação da população".

 

Serviços

Além do serviço de borrifação espacial (fumacê) como parte das ações de combate ao Aedes aegypti, os agentes de endemias da Secretaria Municipal de Saúde realizam também na Zona Rural de Manaus a borrifação intradomiciliar, ou seja, no interior das residências.

O inseticida utilizado não causa nenhum odor e muito menos alergia às pessoas e é mais eficaz que o fumacê, de acordo com o chefe de Borrifação da Semsa, João Luz. “O fumacê mata os mosquitos que tiver na hora da borrifação, mas depois de 10 minutos não causa mais nenhum efeito, ao contrário desse, que dura dois meses. O mosquito que pousar nas paredes que recebeu a borrifação intradomiciliar imediatamente entra em convulsão e morre”, revelou. 

 

Combate

As ações de combate ao Aedes aegypti se multiplicam também pela Zona Rural de Manaus. Ontem a Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) realizou pela manhã uma grande ação de combate e educação na comunidade Nossa Senhora de Fátima, no rio Tarumã Mirim, Zona Rural da capital.

Comunitários, estudantes e profissionais de saúde percorreram toda a comunidade recolhendo lixos que acumulavam água e que poderiam ser possíveis criadouros do mosquito transmissor da dengue, Chikungunya e Zika vírus. Os agentes de endemias também orientaram a população quanto à importância do combate ao Aedes e ainda realizaram borrifação no interior das residências do local. 

O secretário municipal de saúde, Homero de Miranda Leão, acompanhou o trabalho realizado pela equipe do Distrito de Saúde Rural e destacou que ações como essa vem sendo executadas continuamente em todas as 18 comunidades (terrestres, rurais e fluviais). "Essa é uma ação do nosso pessoal de combate a endemias que faz em toda a área rural da cidade de Manaus, tanto na fluvial quanto na terrestre", afirmou.

A diferença da ação de ontem é que foi uma concentração de esforços ao combate do vetor. "Reunimos as equipes num só trabalho junto com a escola. Isso é muito importante porque conseguimos amplificar a parte da conscientização e do levar às informações as pessoas. E é um trabalho do dia a dia, que vem sendo feito há um bom tempo no combate de malária, da dengue lá atrás e agora foi reforçado com a preocupação adicional muito grave da febre do Zika vírus", disse.

O secretário ressaltou que a grande preocupação é com as grávidas. "A questão da gestante é a nossa preocupação porque o bebê pode nascer com microcefalia. Por isso, o foco é proteger elas. Então, os nossos colegas de endemias, além de suas atividades de rotina de combater a malária, a dengue, a Chikungunya, tem hoje uma priorização das ações com relação ao Zika vírus", salientou.