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Durante período de chuvas na região, especialistas alertam sobre malária e leishmaniose
Última atualização: 17 de Março de 2016 - 14:44

Está mais do que evidenciado que o mosquito Aedes aegypti é um predador humano e a epidemia da Zika só veio corroborar para quem ainda tinha dúvidas. Entretanto, igualmente, perigosas e deixadas de lado, estão a malária e a leishmaniose, males que as pessoas também precisam estar atentas.

A associação entre as temperaturas elevadas e as pancadas de chuva comuns do período favorecem o surgimento de criadouros do mosquito Anopheles, transmissor da malária. É o período, também, de maior presença de pessoas em áreas de risco de transmissão, como balneários e sítios localizados nas zonas rurais.

“A malária não tem vacina, por isso, além das ações de controle vetorial e de vigilância epidemiológica que são executadas pelas autoridades de saúde, é fundamental que as pessoas adotem medidas individuais de prevenção”, ressaltou a infectologista Graça Alecrim, diretora-presidente da Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD), unidade de referência da rede estadual de Saúde, para o tratamento da malária.

O mosquito transmissor da doença tem o que os pesquisadores chamam de “hábitos crepusculares”: passam o dia escondido e seu período de maior atividade se registra ao entardecer e nas primeiras horas da manhã. “As pessoas que vivem ou estejam visitando as áreas endêmicas devem evitar se expor nesses horários ao contato com o mosquito e jamais permanecer às margens de igarapés ou de locais com grandes poças de água limpa. O ideal é ficar protegido dentro de casa”, orienta Graça Alecrim.

Segundo a infectologista, a malária é uma doença que vem sendo estudada há décadas e deve continuar sendo alvo de pesquisa, uma vez que há constantes transformações da espécie. “A Amazônia tem o clima ideal para a criação e proliferação desses vetores, a diferença para a Zika, Chikungunya e dengue, é que para a malária, há medicamentos e um sistema organizado de saúde para dar o diagnóstico. O tratamento é feito por via oral, inclusive se estuda novas drogas para o tratamento da malária”, relata.

Invasões e áreas de riscoAs invasões nas áreas periféricas, associadas às condições climáticas são alguns dos fatores que podem influenciar também nos casos de leishmaniose. Conforme Graça Barbosa, entomologista da FMT-HVD, o risco principal de contrair a doença está associado às atividades realizadas em área de mata.

A doença, conhecida popularmente como “ferida braba”, é infecciosa e não contagiosa. Além de agredir a pele, a leishmaniose, se não for tratada adequadamente, pode aparecer dentro do nariz, no septo do nariz, e pode destruí-lo. Outro cuidado que a população deve ter é procurar o serviço médico caso apresentem uma ferida que demora a cicatrizar porque pode caracterizar a leishmaniose.

Maior problema de saúde do Estado

A Malária continua sendo o maior problema de saúde pública do Amazonas. Segundo o secretário estadual de Saúde (Susam), Pedro Elias, “a epidemia tríplice de dengue, Chikungunya e Zika vírus é sazonal, todavia, deve ser preocupante também, mas a malária é nosso principal problema de saúde pública há muito tempo e, por isso, as ações de combate têm que ser permanentes e reforçadas nos municípios com maior incidência da doença”.

Em 2015, o Amazonas registrou 73.744 casos de malária. Crescimento de 9,4% na comparação com o ano anterior, quando houve 66.788 casos da doença em todo o Estado.

Graça Barbosa, entomologista da FMT-HVD

"O mosquito transmissor da doença, que é bem menor que o mosquito da dengue, costuma ficar entre as árvores, além de ser a fêmea quem transmite a doença. A ocorrência do mosquito nas residências também é possível, quando elas são construídas muito próximas de zonas de mata ou de zonas desmatadas, mas o transmissor da leishmaniose não costuma reproduzir-se nas casas. As invasões na periferia da cidade são as grandes responsáveis pelas ocorrências da doença. As pessoas desmatam e, imediatamente vão, habitar o local, onde habita também o transmissor. Então, acontece a infecção"