Considerado o inimigo “número 1” da saúde pública no País, o mosquito Aedes aegypti, capaz de transmitir quatro vírus,  Dengue, Chikungunya, Zika e a febre amarela, tem um poder devastador ainda maior e assombra os especialistas.

Apenas um único mosquito tem o vírus para infectar algo em torno de 300 pessoas, uma verdadeira máquina de transmissão viral, revela o infectologista Antônio Magela, do Departamento de Assistência Médica (DAM) da Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT/HVD).

A ação exponencial do inseto tem colocado diversos cientistas debruçados em suas bancadas na tentativa de desvendar a ação e a cura dos males disseminados. Até o momento, apenas exames de diagnóstico do vírus da Zika, foram colocados em prática. Ainda não há vacina para a moléstia.

Enquanto isso, os danos causados a saúde podem se alastrar ainda mais. No Amazonas, o Aedes aegypti colocou em sentinela 40 municípios, onde o mosquito está presente. Antônio Magela explana que apesar do aumento dos criadouros do mosquito no período de chuva, em decorrência do aumento de reservatórios de água parada, a fêmea aegypti prefere depositar os ovos em local seco. “Ela não deposita na água, mas em áreas secas, na superfície dos recipientes, onde os ovos podem ficar esperando até um ano sem água, pois sabem que em certo momento vai haver água, principalmente em nossa região que chove todos os dias”, detalhou.

Diferentemente do vírus da Dengue, que levou quase seis anos para se espalhar pelo País, o infectologista remonta que o Zika é um vírus emergente, que emanou recentemente, mas está presta a fazer isso em um tempo. Antônio Magela aponta que o problema do vírus da Zika é o mesmo da Hepatite C, cujas pessoas podem ter a doença, mas não apresentam sintomas”.

“Você não identificar a doença na fase aguda, mas as consequências dela, como no vírus da Zika, que traz pós-infecção, a microcefalia nas crianças, acometidas durante a gravidez da mãe e, em algumas pessoas, a Síndrome de Guillain-Barré, manifestação neurológica, inflamação aguda que danifica o sistema nervoso central”, esclarece.

Tratamento

O especialista lembra que o tratamento para os sintomas da Dengue é a hidratação, para Chikungunya o analgésico e o antiflamatório, enquanto que, para o vírus da Zika, ainda não tem um tratamento específico. “É uma luta desigual, mas a melhor forma de combater o vetor e evitar a proliferação do mosquito”.

Coletas de exames

Os exames são coletados nas unidades sentinelas (UBS e SPA) em Manaus e encaminhados ao Laboratório Central (Lacen), também na capital, que envia para o laboratório Evandro Chagas, em Belém e se necessário à Fiocruz, no Rio de Janeiro.