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Pacientes crônicos sofrem com a falta de medicamentos na Farmácia Popular, em Manaus
Última atualização: 6 de Abril de 2016 - 15:15

Manaus - Doentes crônicos que procuram a Farmácia Popular, em Manaus, enfrentam a falta de remédios. Medicamentos controlados para transtornos mentais, antibióticos, anticonvulsivantes, remédios para o controle da hipertensão e até mesmo o acido acetilsalicílico, conhecido como AAS, estão em falta nas prateleiras.

Segundo a coordenação estadual do programa federal Farmácia Popular do Brasil, pelo menos sete medicamentos estão em falta, entre eles a penicilina benzatina – conhecida como a benzetacil, um antibiótico utilizado para combater infecções, como a sífilis e amigdalite.

Na unidade da Farmácia Popular no Centro de Manaus, um aviso fixado ao lado do local que imprime as senhas, já descreve para os usuários os medicamentos que estão com o estoque zerado. De acordo com a gerência, a unidade central atente, em média, 500 pessoas por dia.

Estão na lista de medicamentos ausentes a fenitoína 100 miligramas, usada para o tratamento de crises convulsivas epilépticas e parciais; o ácido fólico, usado durante a gestação para auxiliar a formação do tubo neural do bebê; o antibiótico sulfametoxazol + trimetoprima e doxiciclina; o medicamento haloperidol administrado em pacientes com esquizofrenia aguda e crônica; e o  AAS, para o alívio dores de cabeça, dor de garganta, lombalgia e dor artrítica de pequena intensidade.

O marinheiro Maikon Souza, 20, não conseguiu adquirir dois remédios na Farmácia Popular, ontem pela manhã. Um deles, o anti-inflamatório Flancox, custa em media R$ 26 na rede varejista privada.

“Já vim de duas farmácias e não consegui. Aqui era para ter todo tipo de medicamento, a gente já paga, não é de graça. Agora vou pagar duas vezes porque vou ter que comprar numa farmácia normal, está precária a situação dos medicamentos aqui”, disse.

Com a falta do medicamento de primeira escolha no tratamento da hipertensão e angina de peito, o besilato de anlodipino, Raimunda Gonçalves, 63, reclama da falta do remédio de uso contínuo.  “Acho uma falta de respeito”.

O Ministério da Saúde (MS)  informou, no final do ano passado, que o programa Farmácia Popular iria prosseguir em 2016, mesmo com previsão de corte orçamentário de R$ 200 milhões. Em dezembro de 2015, o representante do MS, Arionaldo Bomfim Rosendo, afirmou à Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados que o programa tinha ficado na dependência de uma negociação de preços entre governo federal e a indústria farmacêutica.

Esse motivo, aliado a alta do dólar, segundo o presidente do Sindicato das Empresas de Drogarias do Amazonas (Sindidrogas), Armando Bandeira, tem feito com que vários remédios deixem de ser produzidos, como o caso do antibiótico benzetacil.

De acordo com a coordenadora estadual do Programa Farmácia Popular, Ana Paula Batista, a falta de matéria-prima no mercado tem impedido o abastecimento regular dos medicamentos. “Outras causas também influenciam como a logística, o medicamento demora 30 dias para chegar após o pedido. A falta de medicamentos gratuitos em outras unidades de saúde também sobrecarrega, todos vem para a Farmácia Popular”, disse.

O MS custeia 90% do medicamento e o usuário paga o restante. Os preços variam entre R$ 0,30 e R$ 4,95. A farmácia disponibiliza 143 medicamentos, incluindo remédios gratuitos para hipertensão, diabetes e asma, que integram o programa Saúde Não Tem Preço.

Remédio para transtorno mentais está faltando

Na Central de Medicamento (Cema), no bairro Praça 14 de Janeiro, zona sul, dois pacientes se queixaram da falta de medicamentos.  Usado para o tratamento de pessoas com transtornos mentais, segundo o motorista Jorge Fernando, 50, o remédio respiridon estava em falta no local.

A Secretaria de Estado de Saúde (Susam) não se pronunciou, até o fechamento desta edição, sobre a falta dos medicamentos na Cema.