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Aranha altamente venenosa é encontrada em Manaus
Última atualização: 12 de Maio de 2017 - 15:12

Uma espécie de aranha altamente venenosa, que costuma aparecer somente em regiões frias como Sul e Sudeste do Brasil, foi recentemente encontrada em meio ao lixo no centro de Manaus. A aranha-marrom (Loxosceles) é a segunda mais venenosa da espécie e a primeira que contém mais mortes por todo o mundo.

Além de aparecer no Centro, a espécie foi identificada nas paredes das ruínas de Paricatuba, comunidade do município de Iranduba, a 27 Km da capital). O doutorando em entomologia e pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Marlus Queiroz de Almeida, foi quem descobriu o aparecimento da espécie na região.

De acordo com o especialista, a aranha-marrom possui um veneno altamente prejudicial à saúde, ocasionando lesões graves. “A picada desse aracnídeo é indolor, mas com consequências muito sérias, tanto que o ferimento é muito semelhante ao da leishmaniose. Assim, a pessoa procura o médico tempos depois, mal sabendo que pode se tratar de um envenenamento de aranha”, explicou.

Marlus destaca que está conduzindo uma pesquisa para saber o motivo pelo qual essa espécie de regiões frias apareceu em uma localidade de clima equatorial. “Estamos estudando a razão dessas aranhas terem surgido na nossa região. O que posso afirmar é que o gênero dessa espécie e os acidentes são corriqueiramente causados quando esses aracnídeos são pressionados contra o corpo ou quando entram nas roupas das pessoas durante o sono”.

Casos no Amazonas

Segundo dados levantados pela Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS), neste ano já foram registrados, nos primeiros quatro meses, 715 casos de acidentes com animais peçonhentos, entre cobras, escorpiões e aranhas. Ao longo do ano anterior, foram 2.169 casos em todo o Estado.

A médica veterinária da gerência de zoonoses da FVS, Vânia Cavalcante, informou que nos casos com aranhas o registro vem em terceiro lugar no ranking do Amazonas. “Tratando-se especificamente de acidentes com aranhas neste ano, o número de casos envolvendo aranhas ficou em terceiro colocado, com 46 ocorrências, perdendo para incidentes com serpentes, o primeiro colocado com 483, e escorpiões em segundo, 102 casos”, informou.

Vítimas de peçonhentos

Desde os 8 anos de idade, a comerciária Maria Magalhães, hoje com 51 anos, tem a marca de uma picada de aranha no corpo. Ela morava em Parintins e até hoje tem medo de aranha.

“Eu estava dormindo numa rede. Ao acordar, senti um caroço no corpo e ao tomar banho a bolha estourou. Depois virou uma ferida profunda e demorou a sarar, criando várias fissuras”, contou.

Já a professora Anik Sena, 35, foi picada por um escorpião. Ela estava indo em direção a seu carro quando pisou no animal. “Eu senti uma dor, mas não sabia o que era. Quando balancei o pé, o escorpião caiu. Meus amigos me socorreram. Meus amigos tiraram foto dele e mostramos no Hospital Tropical. Detectaram que não se tratava de uma espécie perigosa. Ainda bem”, contou. O fato ocorreu no mês passado no bairro Parque das Laranjeiras.

O pesquisador do Grupo de Pesquisas em Animais Peçonhentos da Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD), Welton Monteiro, disse que a instituição hospitalar recebe, em média, 270 casos de picadas com animais peçonhentos por ano.

“São 200 de serpentes, 50 ocorrências com escorpiões, 20 com aranhas. Como profissional da área de saúde, a nossa principal orientação é que a pessoa ferida seja levada o mais rápido possível para uma unidade hospitalar. Esse tempo de intervalo entre o momento da picada e o atendimento médico é crucial no tratamento do paciente e pode prevenir sequelas e sintomas sérios, pois o tratamento é feito com soro específico e essa substancia neutraliza a ação do veneno do animal”, ressaltou.

Bárbara Costa

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