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Pesquisa sobre diabetes e hipertensão revelou perfil diferenciado no Amazonas
Última atualização: 29 de Agosto de 2017 - 10:59

Duas doenças crônicas - diabetes e hipertensão - diagnosticadas em  mais 30 milhões de brasileiros, são predominantes em Manaus nos homens, pessoas casadas e com filhos, diferente do que aponta a pesquisa “Empoderamento do Paciente – Importância e Desafio” em outras sete cidades brasileiras. O estudo,  responsável por traçar um perfil e os hábitos desses pacientes, revela outros comportamentos diferenciados dos pacientes manauaras, como a preferência em buscar informações na farmácia ao invés do consultório médico.

Em Manaus, 63% dos diabéticos entrevistados são homens, enquanto nas outras cidades a predominância foi de 53% do sexo feminino. A maior parte dos pacientes, um total de 60%, é de casados e 67% com filhos. “De maneira geral, a mulher acaba indo mais vezes ao médico,  e acaba se cuidado mais quando recebe o diagnóstico ”, diz o  cardiologista Marcus Malachias . “Estresse, problemas emocionais, rotina corrida...tudo isso influencia no comportamento alimentar e, consequente, nessas doenças ”, diz a nutricionista Léticia Fuganti Campos.  

Realizada em junho deste ano, a pesquisa  feita com 960 pacientes brasileiros mostrou que a média de idade de pessoas com diabetes é 27 anos enquanto a dos hipertensos é 36 anos. E  o diagnóstico está cada vez mais precoce, isso porque a maioria, aproximadamente 48%, detecta essas doenças em exames de rotina. “Sabemos que essas duas doenças têm uma prevalência muito grande no Brasil, mas não sabíamos o que fazia esses pacientes terem ou não sucesso nos seus tratamentos, a gente quis fazer uma pesquisa para saber quais os comportamentos  que fariam esses pacientes terem mais qualidade de vida e sucesso no tratamento”, explica Juan Carlos Gaona, gerente geral da Abbott no Brasil, que encomendou a pesquisa.

Mais movimento

A pesquisa aponta que, de maneira geral, os pacientes com diabetes e hipertensão de Manaus mantêm bons hábitos  de saúde relacionados a atividades físicas e alimentação.

Aproximadamente 63% dos entrevistados trabalham de seis a oito horas por dia, mais que a média nacional que é de 48%, porém o manauara é o que mais se movimenta ao longo do dia no ambiente profissional. Mais da metade dos entrevistados, um total de 53%,  passam o dia sentado no trabalho. Em Manaus  é o inverso: 52% movimenta-se bastante durante a jornada.

É uma forma de se exercitar, mas não substitui a atividade física que é fundamental para a qualidade de vida”, destaca o endocrinologista e  médico do esporte Rogério Zagury.

A pesquisa mostrou, inclusive, que 66% das pessoas com diabetes decidem se dedicar mais à atividade física após receberem o diagnóstico e o mesmo ocorre com 59% dos que descobrem a hipertensão.  Inclusive, 81% dos manauaras passam a dedicar mais tempo a si após descobrirem uma dessas doenças crônicas.

Critérios analisados

Durante o estudo, foram analisadas cinco critérios dos pacientes: perfil, hábitos, o relacionamento com a saúde, diagnóstico e tratamento e relacionamento com o médico. Além de Manaus, a pesquisa foi realizada em Fortaleza, Brasília, Salvador, Belo Horizonte , Rio de Janeiro, São Paulo  e Porto Alegre.

Importância de ter bons hábitos

O estudo “Empoderamento do Paciente – Importância e Desafio”  também revelou que o manauara diabético e/ou hipertenso cultiva bons hábitos e se diferencia do resto de pacientes de outras regiões. Enquanto em outras cidades 86% dos entrevistados consomem de seis a oito copos de água por dia, em Manaus a média é de 95%. “O clima influencia bastante, mas isso é bom porque em regiões quentes é necessário tomar cuidado redobrado com a hidratação”, diz a nutricionista Letícia Fuganti Campos.

Os pacientes de Manaus também são os que mais dormem de seis a oito horas por dia, como é recomendado pela Organização Mundial de Saúde. A média nacional é de 77% já na capital amazonense é de 90%. No quesito alimentação, um hábito chamou a atenção dos pesquisadores. Manaus se destaca por realizar o lanche da tarde – nas outras cidades 60% dos pacientes têm esse hábito, enquanto que 75% dos manauaras fazem essa refeição.  “Todas essas informações mostram como o paciente se relaciona com seu tratamento e como está a qualidade de vida dele”, explica Juan Carlo.

Fonte de informações sobre tema preocupa especialistas

Um ponto preocupante relacionado aos hipertensos e diabéticos de Manaus, na opinião de especialistas, é a fonte de informação sobre as doenças. É superior a média (22%) dos pacientes que levam mais em consideração  a opinião dos amigos e familiares na hora de decidir, inclusive, que remédio tomar – 33% dos manauara fazem isso.  

“Há um alto número de pessoas que optam pelo tratamento natural, ou usam  o remédio que funcionou para mãe, para tia, para o pai. É cultural, inclusive, faz parte da cultura brasileira ser um pouco ‘médico’. Existe muito essa crendice no Nordeste e mais ainda no Norte. Precisamos de evidências científicas, são doenças muito graves para experimentar”, destaca o cardiologista Marcus Malachias.

Outro ponto é a opinião do farmacêutico. Nas outras cidades pesquisas, 10% seguem a orientação desses profissionais, já em Manaus o índice é de 23%. “Um profissional não substitui o outro, eles se complementam. É importante fazer o tratamento definido pelo médico. A saúde é o maior tesouro que temos e não precisa muito: é só tomar o remédio na hora certa, cuidar da alimentação, fazer atividade física e, acima de tudo, o amor próprio”, destaca o médico.

*A repórter viajou a convite da Abbott