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Morte de estudante causa temor na Ufam e FVS descarta risco de H1N1
Última atualização: 31 de Outubro de 2017 - 17:08

Alunos e professores da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) estão em alerta após o estudante de Biologia Helicláudio Pedroso, 31, morrer na quarta-feira da semana passada. O universitário foi internado na Fundação de Medicina Tropical (FMT) depois de suspeita de tuberculose e pneumonia. O clima na universidade era de tensão na manhã de ontem (30), com a suspeita da causa do óbito do estudante ter sido a  gripe H1N1, hipótese que foi descartada pela Secretaria de Estado de Saúde (Susam). 

O estudante era monitor do laboratório de botânica do Campus e querido por professores e colegas de curso. Segundo eles, Helicláudio começou a reclamar de dores no peito, moleza, febre e sonolência há três semanas. Orientado pelos professores, o jovem se dirigiu ao centro de atendimento médico da universidade, onde fez exames e nada foi diagnosticado, mas dias depois o jovem foi novamente orientado a ir à Fundação de Medicina Tropical (FMT), onde ficou internado. 

Suspeitas descartadas

Além do estudante, professores e universitários falaram que outra universitária, do curso de medicina, também está internada e a suspeita era de H1N1. No entanto, a Susam informou que o motivo da internação da jovem é “ceatocidose diabética” e que não há qualquer suspeita de H1N1. Ainda segundo a pasta, Helicláudio sofreu complicações referentes a uma pneumonia.  “Foram feitos os exames laboratoriais e já ficou comprovado que esse quadro pulmonar não é H1N1. Até porque não há nenhum vírus circulando em Manaus. Esse ano não tivemos nenhum caso de H1N1 comprovado. Não foi H1N1 nem tuberculose, foi um quadro de pneumonia”, garantiu o diretor-presidente da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS), Bernardino Albuquerque.

Medidas

Apesar de a Susam ter descartado os casos de H1N1 em nota enviada à reportagem de A CRÍTICA, o Centro de Atenção Integral à Saúde da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) adotou, ontem, algumas medidas preventivas, até para amenizar o clima de tensão entre os alunos. Entre elas, a decisão de colocar em “quarentena” os estudantes de biologia  da turma de Helicláudio, assim como o laboratório de Botânica, onde ele atuava. 

As medidas foram adotadas diante da falta de informações oficiais dos órgãos de saúde a respeito da saúde de Helicláudio e da outra jovem internada, explicou a responsável técnica pelo Centro, Maria José Aranha, que acionou órgãos de vigilância sanitária. Ontem ela se reuniu com colegas de Helicláudio para passar orientações, como observar sintomas semelhantes aos que o colega sentiu.  “Não sabemos qual a causa, então estamos orientando os alunos a tomar cuidados. Não abraçar, não beijar, lavar as mãos... e vamos fazendo um levantamento e avaliar qualquer evolução”, disse.  

A professora do curso de Biologia Veridiana Scudeller, que é responsável pelo laboratório onde o Helicláudio trabalhava, contou que não sabe ao certo a causa da morte do jovem, mas que os alunos e professores estão assustados. “A gente fica com medo. O Helicláudio era um aluno esforçado, batalhador, que veio de Santarém para estudar e passava o dia na Ufam”, relatou.

Nenhum caso de H1N1 no AM

A Susam informou que, de acordo com dados da Fundação de Vigilância em Saúde, em 2017 não foram registrados casos de H1N1 no Amazonas. O secretário de Estado de Saúde, Francisco Deodato, afirmou que alem de o vírus não estar circulando, a campanha nacional de vacinação contra Influenza deste ano conseguiu atingir mais de 700 mil pessoas em todo o Estado, contribuindo para a prevenção. A FVS recomenda, ainda, o uso da droga viral (tamiflu)  para  pacientes considerados como casos suspeitos antes mesmo da  confirmação laboratorial. Ao todo, este ano, a Susam distribuiu para rede pública e privada, tanto na capital quanto no interior, cerca de 21.770 comprimidos.

Colegas se reúnem em homenagem

Professores e amigos de curso de Helicláudio Pedroso se reuniram ontem em um dos laboratórios do Instituto de Ciências Biológicas (ICT) para prestar uma homenagem aos jovem, que morreu no dia 25. O corpo dele foi enterrado em Santarém, no Pará. 

Maria de Lurdes, tia do jovem, foi convidada pelos amigos para participar da homenagem e ficou surpresa com o gesto de carinho ao sobrinho. “Ainda não consigo acreditar. Ele era um jovem cheio de sonhos, queria ajudar a mãe dele que mora em Santarém. Foi tudo muito rápido, ele morava só e era muito reservado”, disse. 

Os colegas também lamentaram a morte. “É tudo muito triste porque ele era tão jovem e cheio de sonhos”, contou a estudante do curso de biologia Kellen Trajano