Campanha busca ‘desafogar’ atendimentos de HIV/Aids da Fundação de Medicina Tropical
Última atualização: 23 de Janeiro de 2018 - 09:08
Referência no atendimento às pessoas vivendo com HIV/AIDS, a Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD), está atendendo no seu limite. Para tentar contornar esse problema, foi lançada na manhã de segunda-feira (22) a campanha de “Descentralização do Tratamento de HIV/Aids”, que tem por foco informar a população sobre a possibilidade de realizar testagens, acompanhamento médico e dispensa de medicamentos em várias unidades de saúde da capital, além da FMT-HVD.
De acordo com a coordenadora estadual de IST/Aids, Dessana Chehuan, hoje a FMT acompanha cerca de 9 mil pessoas em regime ambulatorial. “Isso leva a uma lentidão no atendimento, o que acaba por deixar a população prejudicada. A ideia é concentrar aqui na FMT os pacientes que tenham múltiplas infecções em decorrência do vírus, atendimentos de UTI, além dos chamados ‘pacientes falhados’, que são aqueles que fazem uso dos medicamentos, mas não existe controle do vírus”, explica.
Eficiência é necessária
Apesar de o Brasil ser referência no tratamento de pessoas vivendo com HIV, é necessário que essa referência continue e seja ainda mais eficiente. A representante da Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV no Amazonas, Vanessa Campos, lembra que o Amazonas é o terceiro Estado com maior números de casos de HIV/Aids no Brasil. Somente em 2017, foram registrados 2.317 novos casos na região. Mais de 15 mil pessoas foram contaminadas no Estado, entre 1986 e 2017.
“Entendemos que a descentralização nesse momento é necessária e importante para que as pessoas que vivem com o vírus possam usufruir de um atendimento com mais qualidade. Nós – enquanto controle social – estaremos juntos acompanhando todo esse processo, com o intuito de contribuir para o desenvolvimento de uma qualidade de vida”, afirma Campos.
O coordenador da Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Vivendo e Convivendo com HIV, núcleo Amazonas, Rafael Arcanjo, frisa que a FMT está estrangulada e não suporta mais outras pessoas. “Isso faz com que o sistema fique difícil. A Fundação está deixando de ser referência. E ainda mais, percebemos a má vontade dos profissionais. Recebo mensagens de alguns jovens com seis meses de diagnosticados e ainda não iniciaram o tratamento”, diz Arcanjo.
Melhorias
Chehuan afirma ainda que é importante as pessoas terem a consciência de que existem locais em todas as zonas da cidade que fazem o atendimento de HIV/AIDS, são os chamados Serviços de Assistência Especializada (SAE). Os SAE’s funcionam na Fundação Alfredo da Matta (FUAM), unidade da rede estadual de saúde e em quatro Distritos Sanitários de Saúde (DISA) da rede municipal: DISA Dr. Antônio Comte Telles (DISA Leste), DISA Dr. José Antônio da Silva (DISA Norte), DISA Dr. Franco de Sá (DISA Centro-Oeste) e DISA Dr. Antônio Reis (DISA Sul).
Além dos SAEs, a Unidade Básica de Saúde (UBS) Artur Virgílio, na Zona Leste, será uma opção de atendimento. O gerente de vigilância epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), Jair Pinheiro, disse que atendimento chegará a mais três unidades da atenção básica em 2018. "O município também assumiu o compromisso e planejamento de implantar os serviços em mais 15 UBS’s da rede. Isso quer dizer que poderemos chegar a 18 unidades até 2020", falou.
O Ministério da Saúde afirmou que para a descentralização será realizada uma estratégia chamada de navegação, onde processos de atendimento dentro dos postos de saúde serão reorganizados para melhorar a qualidade de vida de quem necessita. Os navegadores serão responsáveis pelo cuidado de cada um dos pacientes e seus respectivos tratamentos, deixando mais fácil o acesso a serviços importantes. A estratégia foi apresentada pela Organização Sem fins lucrativos (ONG) norte-americana chamada AHF (Aids HealthCare Foudation).
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