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FMT desenvolve pesquisa para saber se vírus da Zika circula em áreas silvestres no AM
Última atualização: 19 de Junho de 2018 - 15:57

paulo whitaker

Um estudo desenvolvido pela Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD) busca identificar se o vírus da Zika está circulando em área silvestre - fragmentos de floresta -, como na época em que foi descoberto na África.

Desde que surgiu no Brasil, o vírus Zika é transmitido em área urbana, pelo mosquito Aedes aegypti. Se for comprovado a presença em áreas de floresta, as estratégias de combate e, no futuro, o desenvolvimento de vacinas, devem passar por mudanças.

Intitulada "Transmissão de Zika e outros arbovírus entre hospedeiros silvestres e urbanos - HostZika", a pesquisa também tem por objetivo elucidar os mecanismos pelos quais vírus silvestres se disseminam para infectar seres humanos e avaliar o impacto dessa dinâmica na saúde humana. Além disso, os pesquisadores da FMT-HVD buscam, ainda, investigar a diversidade, dinâmica e impacto da doença causada pelo Zika.

A coordenadora técnica da pesquisa, Bárbara Chaves, explica que esse tipo de estudo é importante para o desenvolvimento de melhores estratégias de combate ao vírus que, uma vez presente na floresta, traria maiores desafios para o seu enfrentamento.

"Quando o vírus está em organismos diferentes, ele pode sofrer maior pressão seletiva e, consequentemente, mutações, e é importante saber se isso está acontecendo com o Zika. Caso ele esteja circulando em ambiente silvestre, vai dificultar o combate. Quanto antes se descobrir isso, melhor será, inclusive, para o desenvolvimento da vacina", afirmou.

O estudo, segundo ela, também vai possibilitar o rastreamento de arbovírus silvestres que potencialmente poderiam causar epidemias urbanas.

"Manaus está no meio da floresta amazônica, é um ambiente ideal para realizar esse projeto e para saber que espécies de mosquitos podem estar relacionados a transmissão do vírus", ressaltou.

De acordo com a coordenadora, a pesquisa será desenvolvida em dois anos e conta com financiamento internacional, por meio de uma parceria da FMT-HVD com a Universidade do Texas.

Dentro do projeto, de acordo com ela, será investigada a presença de arbovírus em soros de participantes com sintomatologia para Zika, soro de Primatas não-humanos (macacos) e de mosquitos vetores e potenciais vetores. A coleta começou em março deste ano.

Até agora, foram coletadas amostras de vetores de áreas de circulação de mosquito, humanos e primatas não-humanos, como Parque do Mindu, na Zona Centro-Sul, Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Zona Leste, e Zoológico do Centro de Instrução de Guerra na Selva (Cigs), Zona Oeste. A coleta de soros de pacientes com o vírus Zika está sendo feita na FMT-HVD, e de macacos nas mesmas áreas de coleta de vetores.

Casos em queda
As doenças transmitidas por Aedes aegypti, como dengue, febre chikungunya e vírus zika, estão em queda no Amazonas, de acordo com os dados do Boletim Epidemiológico de Monitoramento, divulgado no último dia 12 pela Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM), órgão vinculado à Susam.

De janeiro a maio de 2018, houve redução de 429% nas notificações para chikungunya. Foram 89 casos, contra 471 no mesmo período de 2017. Para zika vírus, a redução foi de 150%. Este ano, foram notificados 220 casos, contra 549 em 2017. Em relação à dengue, houve queda de 106%. Foram 2.688 casos registrados em 2018, contra 5.532 no ano passado.