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Semsa elabora estratégias para controle de ataques de morcegos no Nova Jerusalém
Última atualização: 23 de Janeiro de 2019 - 16:22

 

Manaus - Mesmo sem a manifestação de sintomas de raiva humana, a Prefeitura de Manaus continua o monitoramento de 11 pessoas que sofreram ataques por morcegos, na comunidade Nova Jerusalém, na calha do rio Negro. Em reunião realizada nesta segunda-feira (21), profissionais da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) definiram as próximas ações de controle e prevenção.

O trabalho foi iniciado na última sexta-feira (18), quando a Semsa recebeu notificação do caso de uma criança de dois anos, moradora da comunidade, atacada por morcego. De acordo com a diretora do Departamento de Vigilância Ambiental e Epidemiológica (Devae/Semsa), enfermeira Marinélia Ferreira, a partir da notificação, a equipe de vigilância epidemiológica iniciou a investigação do caso, quando identificou que outras pessoas da comunidade também sofreram ataques.

“Nesses casos, a principal preocupação é com a transmissão da raiva, que pode ocorrer a partir da agressão de morcegos. É preciso que o paciente receba a vacina e o soro antirrábico, seguindo o esquema pós-exposição recomendado. Os 11 pacientes estão sendo acompanhados para a realização do tratamento antirrábico humano. É importante destacar que não há registro de pessoas com sintomas de raiva humana e o trabalho que está sendo feito é preventivo, executado em todos os casos de pessoas atacadas por um animal silvestre com potencial de transmitir raiva”, explica Marinélia.

A investigação epidemiológica inicial da Semsa detectou que sete pessoas da mesma família sofreram ataques por morcego, incluindo a criança de dois anos. Com isso, no último sábado (19), uma equipe de profissionais de saúde seguiu até a comunidade, quando foram identificadas mais quatro pessoas atacadas.

“A equipe visitou os 27 imóveis da comunidade, que conta com 125 moradores, verificando o histórico de ataques de morcegos no local, analisando a situação de moradias, promovendo ações de Educação em Saúde, com a vacinação antirrábica de 35 animais, entre cães e gatos, e que também podem transmitir a raiva”, informa a diretora.

Ainda esta semana, uma equipe de profissionais da Semsa, do Centro de Controle de Zoonoses e da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS/AM), irá realizar uma segunda visita na comunidade de Nova Jerusalém com o objetivo de fazer a captura e identificação da espécie de morcegos hematófagos.

“Essa é a continuidade do trabalho de investigação para procurar identificar se há circulação do vírus da raiva na colônia de morcegos. Será feita ainda a aplicação de uma pasta vampiricida para eliminar as colônias e uma avaliação de possíveis fatores que possam estar causando os ataques”, esclarece Marinélia.

Atendimento

A Semsa realiza ao longo do ano o atendimento antirrábico humano. No ano passado, conforme dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), foram registrados 5.106 mil atendimentos, dos quais apenas 13 casos referentes à ataques de morcegos.

“A maioria dos atendimentos tem origem em agressões de cães e gatos, que também podem transmitir a raiva para seres humanos. Nessas situações, o paciente deve procurar uma Unidade de Saúde para iniciar o tratamento, de acordo com a gravidade do caso, buscando a prevenção do desenvolvimento da doença”, observa Marinélia.

Zoonose

A raiva é uma doença infecciosa viral aguda, que acomete mamíferos, inclusive o homem. É considerada uma zoonose, ou seja, é uma doença que pode ser transmitida dos animais para o homem, e caracteriza-se como uma encefalite progressiva e aguda, letal em aproximadamente 100%.

É transmitida ao homem pela saliva de animais infectados, principalmente por meio da mordedura, mas também pela arranhadura e/ou lambedura desses animais. A vacinação anual de cães e gatos é uma medida eficaz de prevenção da raiva nesses animais, e consequentemente da raiva humana.